Quais as percepções e expectativas que as pessoas têm frente à perspectiva da terminalidade da vida? Como cada indivíduo lida com a ideia de finitude?
Pensar ou falar sobre a morte é considerado ainda um assunto incômodo para a população em geral e, também, para muitos profissionais da saúde. As pessoas não têm o hábito de conversar com seus familiares sobre como gostariam de ser tratadas, caso tenham uma doença grave. Com isso, ficam expostas a intervenções que não correspondem aos seus desejos.
Pensando em modificar esse cenário e promover um diálogo sobre um tema tão delicado, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), por meio da sua Comissão Permanente de Cuidados Paliativos, lança no Brasil o jogo “Cartas na Mesa” (Go Wish®). “Trata-se de uma oportunidade para ouvir as pessoas, facilitando a expressão das suas vontades e preferências em relação ao final da vida”, relata Laiane Dias, presidente da Comissão.
Inédita no país, a iniciativa é fruto de uma parceria exclusiva da Sociedade com a Coda Alliance, uma instituição norte-americana que tem como objetivo desenvolver e testar programas para educar idosos, seus familiares e a equipe profissional a respeito de opções possíveis e preferências pessoais no planejamento terapêutico ao final da vida. O jogo Go Wish® foi elaborado como parte desse programa, atendendo à necessidade de estimular discussões sobre valores e vontades ao final da vida.
Promulgadas no Brasil em 2012, as Diretivas Antecipadas de Vontade ainda são pouco conhecidas. Com base na Resolução do Conselho Federal de Medicina 1.995/2012, as Diretivas têm como objetivo possibilitar que a vontade do indivíduo seja respeitada até o momento de sua morte, com ênfase na dignidade e no respeito à sua biografia. Através do registro de suas Diretivas, as pessoas apontam os procedimentos que desejam receber, ou não, na fase final de doenças como demência, insuficiência cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica ou câncer, quando já não existe possibilidade de reversão do quadro. Além disso, nomeiam um procurador de saúde, que será a pessoa responsável por assegurar que suas vontades sejam conhecidas e acatadas. “Acreditamos que Cartas na Mesa será um recurso que contribuirá para a disseminação dessa proposta”, avalia Laiane.
Como funciona a dinâmica do jogo?
Direcionado tanto a profissionais da saúde quanto ao público leigo, “Cartas na Mesa (Go Wish®)” é um baralho de 36 cartas que pode ser jogado em duas modalidades: paciência (individual) ou em duplas.
Em discussões sobre diretivas antecipadas de vontade e preferências relacionadas a intervenções ao fim da vida, o jogo ajuda pacientes e seus procuradores de saúde (familiares, amigos, cuidadores) a comparar e discutir prioridades que eles têm em comum e a identificar pontos que possam divergir.
O jogo facilita uma conversa franca sobre cuidados ao fim da vida. “Mais que um jogo, Cartas na Mesa (Go Wish®) permite ao paciente expressar suas prioridades e preocupações”, avalia Laiane. Segundo ela, é uma forma de estabelecer um diálogo com a equipe responsável pelos cuidados, para que todos conheçam os desejos do paciente. Saiba mais
Sobre “Cartas na Mesa” (Go Wish®).
“Cartas na Mesa” é composto de uma caixa, um manual de instruções e 36 cartas. As cartas e a caixa existem em duas versões, nas cores azul e laranja, para que duas pessoas possam jogar ao mesmo tempo sem confundir as suas cartas.
A SBGG tem um acordo de exclusividade com a Coda Alliance para o desenvolvimento e a comercialização da versão brasileira.
Mais informações http://sbgg.org.br/projeto-cartas-na-mesa/
Fonte SBGG – Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia