O crescente número de casos de febre amarela na região leste de Minas Gerais gerou inúmeras dúvidas sobre a doença e uma corrida até as unidades de saúde em busca de imunização. O Ministério da Saúde elaborou uma série de perguntas e respostas sobre o tema. Confira a seguir a entrevista com a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, dra. Carla Domingues:
Qual o esquema vacinal recomendado pelo Ministério da Saúde para a febre amarela?
O esquema da febre amarela é de duas doses, tanto para adultos quanto para crianças. As crianças devem receber as vacinas aos nove meses e aos quatro anos de idade. Assim, a proteção está garantida para o resto da vida. Para quem não tomou as doses na infância, a orientação é de uma dose da vacina e outra de reforço, dez anos depois da primeira. As recomendações são apenas para as pessoas que vivem ou viajam para as áreas de recomendação da vacina (veja aqui a lista completa de municípios que estão na área de recomendação). A população que não vive na área de recomendação ou não vai se dirigir a essas áreas não precisa buscar a vacinação neste momento.
No momento, com os casos confirmados no estado de Minas Gerais, há mudança na indicação da vacina contra a febre amarela?
Não há mudança no esquema de vacinação. Devem se vacinar contra a febre amarela apenas pessoas que moram nas áreas de recomendação da vacina ou que viajam para essas localidades e que estão com o esquema de vacinação incompleto, ou seja, quem não tomou as duas doses recomendadas pelo Ministério da Saúde. Para adultos que tomaram a primeira dose há menos de dez anos, também não há necessidade de adiantar a dose de reforço.
Para quem já tomou duas doses da vacina e mora nas áreas de recomendação, uma terceira dose significa mais proteção?
As duas doses são o suficiente para proteger durante toda a vida. Uma terceira dose não vai criar nenhuma proteção adicional. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda uma única dose para toda a vida. O Brasil, buscando uma maior segurança, adota o esquema de duas doses. Portanto, quem recebeu duas doses, na infância ou na fase adulta, já está devidamente protegido e não precisa buscar o serviço de saúde.
E para quem perdeu o cartão de vacinação e não tem conhecimento da própria situação vacinal, qual a orientação?
Quem perdeu o cartão de vacinação deve procurar o serviço de saúde que costuma frequentar e tentar resgatar o histórico. Caso isso não seja possível, a recomendação é iniciar o esquema normalmente. Portanto, pessoas a partir de 5 anos de idade que nunca foram vacinadas ou sem comprovante de vacinação devem receber a primeira dose da vacina e um reforço, dez anos depois. Essa recomendação é apenas para as áreas de recomendação da vacina. Vale destacar a situação de saúde deve ser informada ao profissional de saúde, para que seja possível avaliar se há contraindicação.
Quais são as contraindicações para a vacina da febre amarela?
A vacina é contraindicada para crianças menores de seis meses, idosos acima dos 60 anos, gestantes, mulheres que amamentam crianças de até seis meses, pacientes em tratamento de câncer e pessoas imunodeprimidas. Em situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco, o médico deverá avaliar o benefício e o risco da vacinação para estes grupos, levando em conta o risco de eventos adversos.
No caso das crianças que vão iniciar o esquema, existe algum risco em receber a febre amarela junto com outras vacinas?
A vacina para febre amarela não deve ser aplicada ao mesmo tempo que a vacina tríplice viral (que protege contra sarampo, rubéola e caxumba) ou tetra viral (que protege contra sarampo, rubéola, caxumba e varicela). Se a criança tiver alguma dose do Calendário Nacional de Vacinação em atraso, ela pode tomar junto com a febre amarela, com exceção da tríplice viral ou tetra viral. A criança que não recebeu a vacina para febre amarela nem a tríplice viral ou tetra viral e for atualizar a situação vacinal, a orientação é receber a dose de febre amarela e agendar a proteção com a tríplice viral ou tetra viral para 30 dias depois.
Fonte – Imprensa do Ministério da Saúde