Os idosos estão deixando a aposentadoria de lado e têm preferido continuar ativos no mercado de trabalho. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que, além dos jovens com até 25 anos, os idosos são o grupo que mais tem sofrido com o desemprego, com crescimento de 132%.
Afetados pela crise econômica, os idosos procuram justamente postos de trabalho informal, profissões liberais e as próprias vagas de estágio. O banco de dados do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee) registrou 7,2 mil profissionais com mais de 40 anos de idade estagiando, sendo 2,73% desses com mais de 60 anos. No site da recrutadora Nube, as estatísticas mostram uma alta de 21,6% no número de estagiários com mais de 40 anos, no período de 2015 a 2016.
Segundo o diretor nacional de Desenvolvimento de Pessoas, da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Brasil), Luiz Edmundo Rosa, a inserção de idosos nessa vaga ainda é inexpressiva: “É uma solução pontual e isolada, que pode até ter um lado de oportunismo, já que não se é necessário registrar o trabalhador. São poucas as oportunidades em que o estágio é de aprendizado, pois é uma fase onde se inicia uma carreira.” Rosa concluiu afirmando que o importante é o idoso “sentir que tem uma ocupação”.
Por esse raciocínio, o médico pesquisador da terceira e idade e presidente do Centro Internacional de Longevidade (ILC) no Brasil, Alexandre Kalache acredita que o idoso possa ser um elemento de benefício para a empresa, pois os mais velhos conseguem atenuar tensões no ambiente de trabalho, além de fazer uma ponte entre os mais jovens e os administradores: “As preocupações são diferentes, ele está mais preocupado em deixar um legado, do que construir carreira.”
Sendo os primeiros idosos a terem vivido uma adolescência, ou seja, não começando a trabalhar aos 12 ou 13 anos, Kalache acredita que este grupo vai trazer elementos de rebeldia de sua época jovial: “Esses idosos vão experimentar, se rebelar.”
Fonte – Panrotas por Vitor Ventura