Não é fácil controlar a lista de adjetivos ao se descrever a Nova Zelândia! Por onde se olha é um susto de beleza! Daí dividirmos este país, menor que o Piauí, em duas edições. Ao planejar sua viagem, reserve, no mínimo, 15 dias, e o ideal mesmo, são 3 semanas. E lá vamos nós, pegando a estrada.
Nesta edição falaremos da Ilha Sul
Arrowtown é uma cidadezinha pintada por algum artista em profunda paz de espírito… Com 2 mil habitantes, ainda guarda lembranças da época em que foi fundada por mineiros em busca de ouro, preservando seu jeitinho de cidade de faroeste, charmosa e bela. Pelo menos 60 das antigas construções do século 19 abrigam, hoje, butiques, sorveterias, cafés, restaurantes, farmácias e o cinema local. Ali nada é mais ou menos! Reserve uma tarde para se perder por seus quatro quarteirões, caminhe ao longo do rio, sem pressa, nem culpa.
Arrowtown é uma festa para os olhos!
Milford Sound – As belezas de Fiordland Milford Sound começaram a ser divulgadas em 1908, quando um jornal britânicos elegeu a trilha que leva até Milford Sound, a mais bela no mundo. Destino imperdível do ecoturismo, viu o número de turistas internacionais dobrar desde que O senhor dos Anéis instalou aqui o seu set, em 2001. Aqui quem manda é a natureza. A estrada, uma intervenção do homem, é um fio de asfalto num território ainda selvagem, inóspito, grandioso e inacessível. Nada de pousada, café, restaurante ou sequer posto de gasolina. É na ausência de qualquer traço de civilização que a beleza de Milford Road contrasta. Quantas paisagens diferentes cabem em 120 km? Pois nesta estrada cabem todas: montanhas nevadas, lagos azuis, rios, cachoeiras, planícies, vales profundos, desfiladeiros, bosques. No fiorde tem até praia. Cenário demais para tempo de menos. Merece uma viagem sem qualquer pressa, de pura contemplação.
Milford Road é a quintessência das estradas cênicas. E quando seu asfalto acaba, a viagem de barco começa, e te leva até o fim do fiorde, quase no Pacífico. Fiordes (sound, em Inglês) são vales cavados por geleiras. Depois que estes vales degelam, são inundados pelo mar. Milford Sound deve ter sido o último fiorde feito pelo Criador, onde Ele colocou toda a maestria e capricho: são 16 km de paredões monumentais por onde escorrem dezenas de cachoeiras formadas pelo degelo das montanhas. Uma surra de beleza!
Christchurch – Localizada sobre uma falha geológica , Christ – como é carinhosamente chamada por seus moradores – é dada a terremotos, e ainda não se refez do último, em fevereiro de 2011. Por onde se caminha pode-se ver a devastação causada. Centenas de prédios tiveram suas estruturas abaladas e seus moradores, saídos às pressas, proibidos de retornar. Na loja, os manequins vestem empoeiradas roupas de inverno, não importa a estação, um cabeleireiro, mais adiante, permanece com os esmaltes espalhados pelo chão. Uma agencia de viagens ainda anuncia a lua de mel no Hawai, as placas, com os nomes dos vendedores, sobre as mesas. É como se a vida estivesse congelada, parada no tempo.
A antiga Catedral teve sua belíssima torre destruída, assim como o telhado do altar mor. A comunidade cristã, na busca de alternativas, reuniu se em torno do projeto de um arquiteto japonês especializado em arquitetura de emergência. Cinco meses depois de aprovada, nascia a Transitional Cathedral, com capacidade para 700 pessoas sentadas, feita de policarbonato e…papelão! De uma simplicidade estonteante, um silencio ensurdecedor e uma beleza própria do que é simples, a catedral é, sobretudo, um convite à reflexão sobre a impermanência. No esquina seguinte, uma instalação faz singela homenagem às 185 vítimas do terremoto. Cada família cedeu uma cadeira que representasse seu ente querido, e, pintadas de branco, permanecem vazias. “Uma manifestação provisória, como a vida”, indica o cartaz. Pode-se ouvir o choro dos ausentes…
O Re-Start City Mall é outro exemplo mundialmente conhecido de superação: um colorido shopping center de dois andares, com praça de alimentação e tudo, feito de conteiners e barracas. Mas Christ é muito mais que terremoto e consegue ser uma cidade mais inglesa do que as do interior da Inglaterra! Os ônibus são vermelhos e duplos, as famosas cabines telefônicas daqui são iguais às originais. Os prédios mantém forte herança inglesa e, cortada pelo rio Avon, por pouco não achamos que foi ali que nasceu Shakespeare…É obrigatório fazer um Puting on the Avon, delicioso passeio de gôndola pelo rio de águas claras, onde apenas menores de 10 anos podem pescar. O curso do rio corta o Jardim Botânico, fazendo o passeio pra lá de lindo! O Museu Municipal faz uma boa trilha pela linha do tempo, da presença dos maoris na região, passando pela chegada dos ingleses até os dias de hoje.
Queenstown carrega a fama de radical mas é bem mais que isto. Poucas cidades do mundo foram erguidas em tão belo cenário, às margens do lago Wakatipu, de águas límpidas e azuis, que de tão grande, prece mar, e como limites, as escarpas das montanhas Remarkables. É difícil entender como uma minúscula cidade de dois quilômetros quadrados de área, se tornou alvo de tanta procura, com mais leitos para turistas – 1.5 milhões por ano – do que para os seus 20 mil habitantes. Talvez porque, em nenhum outro canto do mundo, encontra-se tantas opções de divertimento em um só lugar.
O leque de aventuras vai do suave ao selvagem! Aqui nasceu o bungee jumping, “parido” da cabeça aventureira de A.J. Hackett, que desenvolveu um tipo especial de elástico que se amarra nos pés e permite que se jogue da ponte Karawau, a 43 metros de altura! Numa das opções do esporte você escolhe se quer que seu rosto toque nas águas do rio, durante o salto, antes que um barco lhe resgate. Vai encarar? As atrações competem entre si para serem a mais radical. Paraquedas, mountain bike, jet sky, rafting, trekking, esqui, snowboard, passeios à cavalo, helicóptero, barco a vapor, fazem a fama da cidade. Uma das mais divertidas é o jetboat, um tipo de barco de alumínio, muito raso, que permite navegar em laminas d’água de apenas 10cm de profundidade. O motor, também uma invenção local, suga a água e a expele com força, criando um “colchão” entre o barco e as rochas e bancos de areia. Sob a maestria de um muito hábil piloto, descemos o Shotover river,, tirando finos de pedras, fazendo cavalos de pau de 360, mas a manobra só nos deixa…bastante molhados.
A lista de atrações é infindável e inovadora: Luge – uma espécie de carrinho de rolimã sofisticado, para vc descer, numa corrida desabalada, as pistas do Skyline, teleférico com uma vista tão incrível que já vale a viagem à Queenstown. Caving – modalidade em que o praticante explora cavernas escuríssimas com direito a rapel em cascatas, esfolamentos e apertos infindáveis. Sim, é tão perigoso quanto parece. Zorb- gigantes bolas de plástico transparente, com você dentro, arremessadas morro abaixo. Chamada de capital mundial da adrenalina, Queesntown faz jus ao título!
Mas caso você não tenha nervos de aço, não se preocupe, Queenstown oferece boas opções de lazer para todos os gostos e é quase uma heresia associá-la apenas à aventura. Vá ao Skyline- teleférico que leva ao topo de uma das montanhas Redwood que abraçam a cidade. Lojas de souvenir, lanchonete, um refinado restaurante e uma vista espetacular! Queenstown merecia mesmo uma visão widescreen de si mesma! Não quero mais nada, só ficar aqui e olhar o paraíso de cima…
50 tons de vinho com as diferentes ondas migratórias, a rota gastronômica do país sofre a influencia de muitos povos e temperos. Há opções para todos os gostos e bolsos. Um bom exemplo é o Flame www.flamegrill.co.nz, restaurante da Africa do Sul, onde comi o melhor fran rack da minha vida! Ou o Sasso, www.sasso.co.nz um glamouroso italiano. Em qualquer lugar onde nos informávamos sobre restaurantes na cidade, nos perguntavam: já foram ao Fergburger? Fergburger? Não, fomos não, do que é? De hambúrguer. Hamburguer? não vou nem ao MacDonald, porque perder tempo com um genérico local, pensei? Mas era demais, TODOS indicavam o tal do Fergburger! Passamos a observá-lo e as filas eram de dobrar a esquina. Não importava a hora, era gente saindo pelo ladrão. Até que um dia arrisquei perguntar à simpática atendente, a que horas poderia vir sem ter fila. 8h 30min da manhã, foi a resposta! O quê, hambúrguer no café da manhã? E como turista faz quase tudo na vida, lá estávamos nós, dia seguinte, sem fila e com apetite, encarando um imenso Dawn Horn, para nossa alegria e deleite. E entendi a unanimidade da indicação: seria mesmo um pecado não conhecer o conceito deste cardápio de hambúrgueres gourmet, feitos à perfeição.
Os vinhos neozelandeses são conhecidos em todo o mundo, já que grande parte da produção é exportada. Aqui no sul as videiras encontram proteção nas encostas das montanhas e no frio. A altitude e o tipo de solo fazem com que a acidez da uva fique preservada, criando vinhos de extrema pureza. O Sauvignon Blanc é reconhecido como o melhor do mundo, e o pinot noir também é muito bem cotado. Muitas são as vinícolas abertas à visitação e degustação. As do Gibbston Valley, perto de Queenstown, valem o passeio. Na estradinha 6 em direção a Cromwell, as vinícolas se sucedem, uma ao lado da outra, disputando em beleza. Rippon, às margens do lago Wanaka, além de excelentes vinhos tem uma paisagem que mais parece uma pintura!
Há quem defenda que a Nova Zelândia é um resumo do mundo. Por aqui você vai provar experiências tão marcantes, que, independente da quantidade de aventuras que sua coragem permite, vai perceber que a vida, longe daqui, é um tédio sem fim!
Dicas do Viajante
Para planejar
www.newzealand.com.br – Portal em Português
www.newzealandvacations.co.nz
www.fiordland.org.nz
A viagem a Milford Sound também pode ser feita de ônibus ou de avião: www.realjourney.co.nz , sempre incluindo o barco ao final.
Para dormir
Christchurch Heritage Hotel – todo o luxo de um palácio renascentista na praça da antiga Catedral. Ótimo serviço e localização. www.heritagehotels.co.nz
The Classic Villa- uma mansão antiga e muito bem conservada, bons preço, excelente café da manhã, ótima localização perto de tudo. www.theclassicvilla.co.nz
Rendezvous Hotel – correto, com preços honestos, se busca boa localização e praticidade. www.rendezvous-hotels-christchurch.co.nz
Queenstown — cinco estrelas acessível, com excelente localização.
Brown Boutique hotel – apenas 10 suites, operado, com capricho, pelos donos, numa rua tranquila a apenas duas quadras do movimento. www.brownshotel.co.nz
Hotel St Moritz – com incrivel vista para o lago e montanhas, no coração da cidade!www.stmoritz.co.nz
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