O Portal Curso da Vida completa dois anos de existência neste mês de outubro. E porque celebramos aqui diariamente o curso das nossas experiências, a comemoração do aniversário propõe aos leitores uma reflexão sobre o tempo, com o auxílio luxuoso da arte. Ao longo do mês de outubro, sempre de dois em dois, aos pares, vamos publicar sugestões e extratos de obras que tratam dos mistérios desse fluxo contínuo, em que “tudo flui” (“panta rei”) e se transforma, como percebeu o grego Heráclito, cinco séculos antes de Cristo, e o reafirmou o poeta Gilberto Gil, na canção “Tempo rei”.
Para inaugurar esta sequência, escolhemos duas obras, um afresco e um poema, que pretendem alcançar o que dá sentido ao tempo e além dele. É “o sopro da vida”, no afresco “A Criação de Adão”, representado como um dom divino, na visão de Michelângelo para a Capela Sistina, no Vaticano, uma obra do século 16; e são também as escolhas tão humanas que, no poema do irlandês William Butler Yeats (1865-1939), podem nos conduzir a uma espécie de verdade essencial. Um presente próprio do tempo, que não vem antes nem depois do que deve ser. Aproveite o dia! É o que deseja a equipe do Curso da Vida.
Com o Tempo, a Sabedoria
(W. B. Yeats)
Embora muitas as folhas, é uma só raiz;
Pelos ilusórios dias da minha mocidade
Folhas e flores balancei ao sol como quis;
Posso agora murchar dentro da verdade.
The Coming of Wisdom with Time
THOUGH leaves are many, the root is one;
Through all the lying days of my youth
I swayed my leaves and flowers in the sun;
Now I may wither into the truth.