No dia 1º de agosto de 2017, mais de 900 profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde (300 médicos, 300 enfermeiros, 300 técnicos) na cidade do Rio de Janeiro receberam aviso prévio, além de 1800 agentes comunitários. Esse corte está dentro do fechamento de mais de 11 clínicas de saúde da família, o que retrocederá a cobertura para 50% do município e o classificará entre as 10 capitais com menor cobertura de Atenção Primária do país.
Daniel Soranz, secretário municipal da saúde na gestão anterior (2012-2016), explica que a cidade deixará de estar entre as 10 principais capitais com maior cobertura, resultando em um retrocesso importante para a saúde dos cariocas. “Todo o custo desse serviço significa apenas 0,1% do orçamento municipal, que equivale a R$ 75 milhões, que poderiam ser cortados de outros setores que não trariam tanto impacto negativo para o atendimento da saúde da população”, ressalta. Além dos profissionais que estarão sem emprego, serão menos 1 milhão de pessoas atendidas e 9.600 mulheres que ficarão sem o pré-natal.
Outro ponto é que o corte significa a não arrecadação de R$ 150 milhões ao ano do Ministério da Saúde que financia 50% do programa. Ou seja, o sistema como um todo será prejudicado, a classe médica, que terá que se recolocar no mercado em um momento de crise econômica, a população que deixará de ser assistida por um programa que realmente funciona e para o município que deixará de arrecadar essa verba, visto que está em estado de falência.
A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade recebeu esta notícia com indignação, um completo retrocesso. Fechar serviços de saúde como as clínicas da família é o pior exemplo de gestão pública em saúde, pois impacta diretamente no cuidado a milhares de pessoas que vinha recebendo cuidado dessas equipes de altíssima qualidade, além de serem serviços extremamente custo-efetivos para o SUS.
O município do Rio de Janeiro ampliou a cobertura assistencial a milhares de pessoas graças às clínicas da família e às equipes de saúde da família. Com isso, obtiveram resultados expressivos, como diminuição da mortalidade infantil e materna, da morbimortalidade por diabetes, problemas cardíacos, melhor controle de doenças infecciosas como tuberculose, HIV. Se essas clínicas forem fechadas, milhares de pessoas deixarão de ter uma referência para o cuidado imediato e continuado da sua saúde.
Fonte – Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade