Toca uma música antiga no rádio e, de repente, você se vê cantando junto. Já passou por isso? Mesmo sem nem lembrar que a canção existia, de alguma forma ela estava lá, armazenada na sua cabeça.
Há alguns anos, cientistas do Instituto Max Planck de Neurociência e da Cognição Humana, em Leipzig, na Alemanha, questionaram-se por que pacientes com Alzheimer conseguiam se lembrar de melodias ou apresentar fortes emoções ao ouvir canções que marcaram suas vidas. Foi quando eles descobriram que a música fica armazenada em uma parte diferente do cérebro da que guarda a maior parte das nossas memórias.
O documentário Alive Inside mostra isso na prática. Um dos pacientes com Alzheimer retratados no filme começa a responder sobre seu passado com lucidez logo após ouvir música. Assista a um trecho:
Custódio Michailowsky, neurologista do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, explica que o uso da musicoterapia no tratamento de pacientes com Alzheimer está bem estabelecido. “Ela pode trazer memórias passadas e retardar o processo de degeneração”, explica.
Além disso, a música ainda pode ajudar na socialização do paciente. “Se a pessoa se isola, isso vira uma bola de neve. A música traz emoção, traz motivação para a pessoa. Além de fazer dançar, se mexer”, afirma Michailowsky. Portanto, pode-se dizer que ela estimula até a atividade física.
Prevenção. Mesmo quem não tem Alzheimer pode se beneficiar muito com o conhecimento musical. “É importante a ativação das atividades artísticas. Através da educação artística, o cérebro se desenvolve mais rapidamente. Pode ser pela música, escultura, desenho…”, defende o especialista.
“Pessoas que têm a habilidade de ouvir uma música e tocá-la ou identificar as notas têm o lobo temporal esquerdo melhor desenvolvido”, explica. A música ‘exercita’ diversas partes do cérebro ao mesmo tempo, o que ajuda a prevenir o Alzheimer.
Ah, e tem mais uma coisa: você quer estar preparado para se comunicar com extraterrestres, se eles existirem e aparecerem por aqui? “Acredita-se que a única forma de nos comunicarmos com uma civilização de fora da Terra, se encontrarmos uma, é pela música”, relata Michailowsky. Parece estranho? Pois lembre-se que a música transmite sensações sem precisar de palavras. Nada de breguice, isso é realmente científico. “A música é muito importante. É umas das coisas que mais provocam excitação do cérebro. Além dos circuitos, há liberação de substâncias, como a serotonina e até algumas análogas da morfina.”
E aí, vai escolher qual instrumento?
Fonte- Estadão