Cultivada na América do Sul desde os tempos pré-colombianos, a quinoa é tradicional da região dos Andes. Os povos indígenas sempre usaram as sementes em sopas, pães e bebidas fermentadas.
Segundo historiadores, a importância que se dava ao grão era tanta que o próprio imperador iniciava anualmente o plantio, usando ferramentas de ouro maciço. Depois da colheita, o ritual prosseguia: a quinoa era colocada em potes de ouro e oferecida ao deus Sol. ‘Por muito tempo, ela foi a base da alimentação daquele povo que, apesar do frio intenso da região, gozava de excelente saúde’, conta a nutricionista Ana Fanelli, da Casa Santa Luzia, em São Paulo.(Farkas,2005).
Considerada um “alimento perfeito” pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a quinoa, nem cereal nem leguminosa, é muito nutritiva, de grande adaptação a solos pobres e tolerante, inclusive, a geadas e secas. Embora por muito tempo tenha sido menosprezada como “comida de pobres”, a planta está despertando renovado interesse na sub-região andina, sobretudo na Bolívia, Equador, Peru e Colômbia (onde restam apenas cerca de 40 variedades).
“A semente da quinoa tem cores muito diferentes, como o milho, porque existe quinoa branca, amarela, violeta, avermelhada e acinzentada, e uma silvestre e outra cultivada domesticamente”, relatou Bernabé Cobo, sacerdote e cronista de Indias, em História do Novo Mundo. Na Colômbia, “onde até 1820 havia um cultivo importante, sua memória se perdeu no transcurso de uma geração. Em 1900, já estava esquecida”.
Este abandono se deveu à conquista espanhola que provocou um paulatino desuso dos alimentos originários como a quinoa, o amaranto fez com que fossem suplantados por aqueles grãos introduzidos da Europa como o trigo e a cevada. Os agricultores andinos conservaram as sementes e continuaram seus cultivos em pequenas parcelas, sabedores da enorme riqueza que encerra a quinoa. Assim, até quase o último terço do século XX quando um punhado de bolivianos redescobriu o valor do grão e impulso com decisão seu estudo científico, o melhoramento de algumas variedades como a quinoa “sajama” e a expansão tanto do cultivo como do consumo primeiro entre os bolivianos e depois em outros países (Wikipedia, 2006).
No Brasil, somente em novembro de 1998 que pesquisadores da Embrapa conseguiram adaptá-la ao cerrado. A tarefa não foi fácil, já que na região andina a planta crescia em altitudes elevadas (a partir de 2000 metros), com baixo índice pluviométrico, atmosfera fria e rarefeita, sol forte, temperatura subcongelante. Foram necessárias várias experiências até que os pesquisadores conseguissem adaptar a planta ao cerrado brasileiro, abrindo, assim, os caminhos para uma possível utilização desse pseudo-cereal em escala comercial. (Jornal da Unicamp, 2000).
Embora ainda seja quase totalmente desconhecida pelos consumidores, a partir de 2002 já se obteve no país a primeira colheita comercial do grão de quinoa: na Fazenda Riedi, perto de Brasília, com rendimento de 1,6 tonelada por hectare. Foi uma colheita precoce, que em melhores condições poderia chegar a até 2,5 toneladas por hectare, de acordo com o gerente da Riedi, Francisco Luçardo (Garcia, 2002).
Com sabor leve e algo parecido com a soja, esse grão, reconhecido por sua importância nutricional, vem para conquistar espaço na mesa do brasileiro, na forma de pratos doces e salgados. Mas nem pense em folhinhas verdes, porque ela é encontrada em forma de grãos, farinha ou flocos (neste caso, pronta para o consumo e ideal para enriquecer iogurtes ou salada de frutas).
Mas o que é quinoa afinal? Trata-se de uma planta da família do espinafre, cujo nome científico é Chenopodium quinoa. é Na alimentação humana e animal podem ser aproveitados tanto os grãos como toda planta. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a quinoa está mais próxima do balanço ideal de proteínas que qualquer outro grão, além de o valor biológico de sua proteína ser comparável a da caseína do leite materno. Somente o germe desse minúsculo grãol, tem proteína equivalente a de uma gema de ovo, contendo todo o grão mais de 20% de proteína de alta qualidade (Wood, 1999).
Depois que a Nasa, a agência espacial americana, acrescentou a quinoa à dieta dos astronautas em vôos de longa duração, o mundo redescobriu ‘o grão de ouro’. Nas últimas décadas, novas pesquisas provaram que seu valor nutricional é realmente impressionante (veja abaixo). Tanto que no Chile e no Equador o grão já foi amplamente usado para reduzir a desnutrição infantil, com o aval da Organização das Nações Unidas (ONU). Além disso, foi qualificado pela Academia de Ciências dos Estados Unidos como o melhor alimento de origem vegetal para consumo humano (Farkas, 2005).
Informações Nutricionais
Para esportistas, idosos, crianças e pessoas com dieta vegetariana a quinoa é de grande valia pelo alto teor de carboidratos (amido) e também pelos aminoácidos essenciais que são importantes para o sistema imunológico, formação de músculos e recomposição de fibras musculares rompidas durante os exercícios, no caso dos atletas.
Além disso para a população em geral pode ser considerada boa fonte dos seguintes minerais: MAGNÉSIO, POTÁSSIO, ZINCO e MANGANÊS
E fornece também as seguintes Vitaminas: TIAMINA, RIBOFLAVINA, NIACINA, ÁCIDO PANTOTÊNICO e ALFA-TOCOFEROL (Vitamina E)
Além de seu excelente conteúdo nutricional, a quinoa tem uma propriedade valiosa: não contém glúten.
Atualmente o cereal pode ser encontrado na forma de flocos, grãos e farinha pelo consumidor, através de empresas que comercializem produtos orgânicos. A expectativa é que, por ser um “super alimento”, em breve a quinoa entrará no cardápio de muitas famílias brasileiras, assim como ocorreu com a soja.
Fontes – http://sitiodomoinho.com.br por Ana Elisa Feliconio