Na atualidade muito é dito a respeito dos perigos do colesterol e da importância de manter seus níveis baixos. No entanto, o colesterol é um tipo de lipídio fundamental para o bom funcionamento do corpo, auxiliando na produção de membranas celulares, hormônios e ácidos biliares que atuam na digestão de gorduras. Nosso organismo executa inúmeras tarefas vitais e, para tal, as células precisam se comunicar. O colesterol é imprescindível na produção cerebral de sinapses (conexões entre neurônios), bem como no desempenho de diversos processos celulares (regulação e interação com proteínas, funções digestivas, entre outros). A deficiência destes lipídios causa complicações como: problemas digestivos e visuais, falhas no crescimento e aumento da suscetibilidade a infecção.
Durante muitos anos o colesterol foi apontado como um grande vilão – culpabilizando categorias inteiras de alimentos (como ovos, e gorduras saturadas) exclusivamente por milhares de casos de doenças cardíacas ao redor do mundo. Contudo, o que estudos e pesquisas atuais têm indicado é que as doenças do coração não se dão necessariamente mediante um aumento das taxas de colesterol, e sim devido a um lento processo inflamatório.
Sem a presença da inflamação não há como o colesterol se acumular nas artérias – podendo circular livremente pelo organismo. Dr. Lundell Dwight, cirurgião cardiovascular, explica que “a inflamação não é complicada – é simplesmente a defesa natural do corpo a um invasor estrangeiro, tais como toxinas, bactéria ou vírus. O ciclo de inflamação é perfeito na forma como protege o organismo contra esses invasores virais e bacterianos. No entanto, se ocorre uma exposição cronicamente a toxinas ou alimentos para os quais nossos sistemas não foram projetados para processar, uma condição chamada inflamação crônica ocorre causando lesões internas de toda ordem. A inflamação crônica é tão prejudicial quanto a inflamação aguda é benéfica”.
Os maiores culpados pela inflamação crônica são a sobrecarga de alimentos como os carboidratos (açúcar e grãos como o trigo, cevada, arroz e alimentos derivados) e o excesso do consumo de óleos ômega-6 (óleos de soja, milho e girassol); que ao longo de vários anos pode culminar em doenças cardíacas.
Ou seja, a sobrecarga de carboidratos altamente processados incita um danoso processo.
Dr. Wright dá o exemplo do pão doce: ao ingerirmos um “inofensivo” pão doce, o organismo entende como se fosse algo similar a um inimigo declarando guerra. Toda essa enorme quantidade de carboidratos presentes no pão doce faz com que o corpo reaja à elevação de açúcares no sangue, secretando mais e mais insulina e, consequentemente, o excedente de glicose se converte em gordura armazenada. E o que isso tem a ver com a inflamação? O açúcar no sangue é controlado por uma estreita faixa. As moléculas de açúcar extra se ligam a uma variedade de proteínas – o que acaba gerando fricção, lesando as paredes dos vasos sanguíneos. A repetição dessa lesão é o que ocasiona um processo inflamatório.
Outro exemplo é o da batata frita, comumente preparada em óleo de soja ou outros óleos ricos em ômega-6 (que alongam a vida útil do alimento). Os níveis de ômega-6 devem estar equilibrados com os de ômega-3. Quando há excesso de ômega-6, a membrana celular produz uma substância chamada citosina, que causa inflamação. A proporção ideal de equilíbrio deveria ser 3:1 (entre ômega-6 e ômega-3), contudo, numa dieta rica em alimentos processados, a proporção chega a 30:1, denunciando os excessos da substância e a potência com que a inflamação pode afetar o organismo.
O excesso de peso gerado pelo consumo de tantos produtos processados cria uma sobrecarga de gordura nas células, secretando substâncias inflamatórias, que por sua vez, se aliam aos danos causados pelo açúcar também em excesso no sangue. Tal círculo vicioso alimenta doenças cardíacas, pressão arterial alta, diabetes e Alzheimer. O ideal é que se retorne ao consumo de alimentos saudáveis (frutas, verduras, legumes, carnes magras, óleo de coco, manteiga), de forma balanceada, evitando o consumo de alimentos industrializados.