As intolerâncias alimentares estão presentes em 40% da população e são frequentemente confundidas com alergias. Isso acontece devido ao fato de os sintomas serem, em diversos casos, parecidos. Especialmente aqueles relacionados com quadros gastrintestinais, como: diarreia, gases e distensão abdominal.
“Apesar de alguns sintomas serem parecidos, outros são totalmente diferentes. As alergias apresentam sintomas que variam desde erupções cutâneas até problemas mais sérios como as anafilaxias (acometimento de múltiplos órgãos, com ou sem queda da pressão arterial e falta de ar, quadros potencialmente fatais). Já nas intolerâncias alimentares, os sintomas são mais relacionados ao trato gastrointestinal, com transtornos na digestão do alimento”, explica a alergologista do Einstein, Renata Rodrigues Cocco.
Outra diferença entre elas está no fator causador, pois as alergias são reações ligadas a alguma proteína presente no alimento, considerada como um elemento estranho pelo organismo. E a intolerância ocorre quando o corpo não possui enzimas para digerir determinado carboidrato, como no caso da lactose.
“A intolerância à lactose (principal açúcar do leite) e a alergia às proteínas do leite de vaca são o principal exemplo. As intolerâncias são mais comuns em crianças maiores e adultos e permanecem por toda vida. No entanto, o indivíduo pode ser capaz de ingerir quantidades pequenas do leite ou seus derivados (iogurtes, queijos e bolos) sem manifestar reações. Alergia ao leite inicia geralmente no primeiro ano de vida, inclui diversas manifestações (reações graves e potencialmente fatais) e geralmente remite até o final da infância. Os alérgicos a leite devem evitar qualquer alimento que contenha as proteínas do leite”, diz Renata.
Porém, não são todas as alergias que desaparecem com o passar dos anos, depende muito do alimento. Leite, ovo, soja e trigo são alergias tipicamente transitórias, passíveis de serem remitidas. Alergias a amendoim, castanhas (nozes, castanha de caju, castanha do Pará, avelã, amêndoas e pistache), peixes e frutos do mar são tipicamente persistentes, podem iniciar em qualquer idade e dificilmente o indivíduo deixará de ser alérgico.
Não existem tratamentos comprovados cientificamente que eliminem as alergias alimentares e as intolerâncias. O que se deve fazer é restringir o alimento causador dos sintomas. No entanto, quando a restrição a um determinado alimento for total, o paciente precisa fazer um acompanhamento para substituição nutricional. “Devemos tomar cuidado principalmente com as crianças, pois excluir algo da dieta pode levar a casos de anemia, desnutrição e falhas no desenvolvimento”, alerta a alergologista.
Ainda de acordo com Renata, a avaliação do médico especialista é fundamental para que haja um direcionamento quanto a exames laboratoriais específicos e, principalmente, como interpretá-los, para que não haja confusão entre alergia e intolerância. “Deve-se ter cuidado com exames inapropriados que avaliam mecanismos não relacionados às alergias alimentares e que não são capazes de estabelecer qualquer diagnóstico. Dietas de restrição baseadas nesses tipos de exames, como a detecção de IgG, podem levar a importantes e desnecessários riscos à saúde do paciente”.
Fonte – Blog da Alergo House