Todos devem se preocupar com o tema aposentadoria e se planejar financeiramente. No entanto, o mundo feminino tem algumas peculiaridades como, por exemplo, a maior expectativa de vida.
Para descobrir como as mulheres se preparam para a aposentadoria, o grupo Aegon entrevistou sete mil mulheres em 15 países – Alemanha, Brasil, Canadá, China, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Hungria, Índia, Japão, Polônia Reino Unido, Suécia, Turquia – e lançou o estudo “A Nova Cara da Aposentadoria – Mulheres: equilibrando família, carreira e segurança financeira”.
A pesquisa aponta em termos gerais que, ao mesmo tempo em que as mulheres possuem maior expectativa de vida em relação aos homens, de 4 a 5 anos a mais em média, elas estão pouco preparadas financeiramente para a aposentadoria. Do total pesquisado, 40% nem sequer sabem se estão no caminho certo para atingir a renda que vão precisar quando aposentadas e 20% acreditam que já fazem o suficiente.
Outro resultado mostra que, mesmo com maior independência financeira e inserção no mercado de trabalho, mais da metade das entrevistadas (54%) acredita que serão dependentes da renda do cônjuge. Em contraste, apenas 12%, dizem que não esperam que seus esposos sejam a grande fonte de renda na aposentadoria.
O Brasil aparece em destaque no Índice de Preparo para a Aposentadoria, criado pelo Grupo para avaliar como as mulheres se preparam para aposentadoria, os hábitos de poupança e planejamento.
As brasileiras alcançaram o segundo lugar, com nota 6.5, ficando atrás somente das indianas (6.9). Em uma escala de 0 a 10, considerando 6.0 como média registrada no primeiro relatório da pesquisa, divulgado em julho, as mulheres ouvidas em 15 países pontuaram nota 5.5, o que indica baixa preparação para a aposentadoria.
O estudo revela que em todo o mundo elas não estão tomando as medidas necessárias para esse planejamento: apenas 10% delas se dizem muito bem preparadas, contra 23%, ou seja, mais do que o dobro, que se sentem muito despreparadas. Em relação aos obstáculos, a falta de dinheiro foi apontada como o principal empecilho para planejar a aposentadoria, na opinião de 67% das entrevistadas.
Diante deste cenário, globalmente, 49% das mulheres não estão confiantes de que serão capazes de manter um nível de vida confortável ao se aposentar. O otimismo em relação ao futuro é maior entre a população feminina dos países que possuem economias emergentes: China (42%), Índia (35%) e Brasil (29%).
Quando o foco é faixa etária, poucas se mostram mais atentas em como as mulheres se preparam para aposentadoria: somente 1/3 do total de entrevistadas (36%), as mais velhas, afirmam guardar dinheiro constantemente. Entre as 24% que não estão poupando, mas pretendem começar em algum momento, estão as mais jovens.
Números mostram também a cultura atual da população, de começar a poupar mais tarde. “As mulheres precisam ser incentivadas a planejar a sua independência financeira na aposentadoria desde jovens, rompendo com a tradição de depender de terceiros, como Governo, empregadores e familiares.
Elas têm uma realidade diferente no mercado de trabalho hoje, de acordo com os papéis que assumiram na sociedade, mas esse protagonismo também deve ser exercido quando o que está em questão é a independência financeira”, comenta Andrea Levy, assessor especial da Mongeral Aegon e um estudioso dos impactos da longevidade na previdência.
Idade e renda de aposentadoria
Em todo mundo, as mulheres possuem expectativas diferentes em relação à idade para a aposentadoria. As brasileiras estão entre as que pretendem se aposentar mais cedo, com 58 anos, atrás da Turquia (55) e China (53). Nos Estados Unidos, essa expectativa sobe para 66 anos enquanto no Japão fica em 61 anos, variações que têm ligação direta com a política previdenciária de cada país.
As diferenças entre os países também surgem quando o tema é a renda necessária para se sustentar na aposentadoria em relação aos ganhos na ativa. O Brasil se aproxima das expectativas da Europa Oriental: na Hungria as mulheres acreditam que é necessário ganhar 86% do salário atual; na Polônia este índice cai para 81%, enquanto por aqui as brasileiras acreditam que precisariam ganhar na aposentadoria 77% do que ganham na vida ativa.
Esse percentual cai em países de renda alta e industrializados, como Estados Unidos e Canadá, para 67% e 66%, respectivamente.
A surpresa sobre essa expectativa vem de países emergentes como Turquia e China, que esperam precisar de menor percentual da renda atual em relação aos demais, em média 59% e 60%, respectivamente.
Preocupações, obstáculos e saídas
Acerca das preocupações e desejos ligados à aposentadoria, a primeira palavra que vem à cabeça das mulheres é lazer (45%), seguida de liberdade (39%). No entanto, 24% delas associam o tema a questões negativas, como insegurança (24%) e pobreza (18%).
Em países como Polônia, Hungria e Japão, o nível de associações negativas é alarmante, com percentuais de 81%, 75% e 71%, respectivamente. Nesse quesito, o Brasil ocupa o 9º lugar em otimismo, com 70% de associações positivas.
O estudo mostrou que as mulheres possuem dificuldades em planejar a sua aposentadoria, constituir uma poupança suficiente e ter acesso aos planos de previdência. Uma das causas é a faixa salarial.
O estudo revelou que, em média, elas ganham 27% menos do que os homens, o que reduz a possibilidade de poupar. Essa diferença salarial está ligada diretamente aos cargos ocupados pelas mulheres: apenas 34% das pesquisadas estão em funções de nível superior, que proporcionam maior renda.
A outra característica é o trabalho em tempo parcial. Pela necessidade de se dedicar a filhos e idosos, muitas mulheres trabalham meio período, o que dificulta ou inviabiliza o acesso aos planos das empresas onde trabalham.
Fonte – Portal Eu Planejo