Recentemente, as redes sociais repercutiram encantadas as fotos do Lata 65, coletivo de idosos que fazem graffiti e arte de rua em Lisboa, Portugal. Equipados com latas de spray e estêncil, os integrantes do projeto ocupam muros de várias regiões, fazem intervenções artísticas em festivais e mostras culturais e se reúnem em workshops dos quais, muitas vezes, participam jovens grafiteiros, numa mistura criativa de repertórios e gerações.
O Lata 65 surgiu em 2012, durante a primeira edição do festival de arte urbana Wool – Festival de Arte Urbana de Covilhã, desenvolvido pelo Coworklisboa e financiado pelo Orçamento Participativo de Lisboa (2013). As oficinas reúnem os interessados em dominar a técnica e conhecer a história do graffiti. São alunos em geral com mais de 65 (por isso Lata 65), que depois saem às ruas para produzir e apresentar seus próprios trabalhos.
A médica Luísa Cortesão, 64 anos, contou ao jornal português Diário de Notícias que decidiu participar de uma das oficinas por incentivo da filha e agora é uma grafiteira apaixonada. Desenha pelos muros fadas, bruxas, dragões e velhinhas. No gesto, acredita que há também uma mensagem política e de modernidade: “Pôr velhos a fazer arte urbana coloca as pessoas em geral a olhar para ela de uma forma diferente, porque pensam que se os idosos também fazem, se calhar, não é vandalismo.” Ela parou de trabalhar aos 59, por problemas de visão e audição, e agora se dedica a expressar o talento criativo que o projeto despertou nela.
Cerca de cem idosos já passaram pelas oficinas do Lata 65. A iniciativa mantém página no Facebook e, desde o início deste ano, integra o acervo de arte de rua do Google Art Project, plataforma on-line do Google que exibe imagens das obras de coleções e museus de diferentes partes do mundo.
Os objetivos do Lata 65 incluem “aproximar os idosos de uma forma de expressão convencionalmente associada a jovens; provar que conceitos como envelhecimento ativo e solidariedade entre gerações fazem cada dia mais sentido; demonstrar que a arte urbana tem o poder de fomentar, promover e valorizar a democratização do acesso à arte contemporânea, pela simplicidade e naturalidade com que atinge as mais variadas faixas etárias; demonstrar que a idade é (apenas) um número.”
Os workshops são realizados em ambientes descontraídos, ideais para a aprendizagem das mais variadas técnicas de intervenção nas ruas, com a participação de alguns dos artistas urbanos da atualidade. Os organizadores afirmam que é “possível e desejável despertar, motivar e entusiasmar os mais idosos através da arte urbana e apresentar a estas gerações novas atividades, novas técnicas, ditas dos mais jovens, como forma de escape e quebra de rotinas, gerando qualidade, jovialidade e bem-estar.” Como escreveu Gilberto Gil na canção Metáfora, “Uma lata existe para conter algo/Mas quando o poeta diz: “Lata”/Pode estar querendo dizer o incontível”.
Quem sabe lançamos esse projeto no Rio de Janeiro !!!
Fonte – www.facebook.com/Lata65?fref=ts
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