Curso da Vida – Prepare-se para viver melhor

Materialismo: para onde está nos levando?

Outro dia assisti uma palestra muito interessante proferida pelo psicoterapeuta Joel Birman sobre desapego. A palestra aconteceu no Midrash Centro Cultural, localizado no Leblon, aqui no Rio de Janeiro, e faz parte de um projeto desenvolvido pela casa denominado Materialistas Anônimos ( AM ).

Este projeto é extremamente interessante por tratar de um tema super atual que é o apego exagerado ao material e superficial em detrimento do que realmente importa.

Hoje, tentamos preencher o vazio e solidão cada vez mais presentes com a aquisição de coisas e nessa angústia demasiada até as pessoas estão virando coisas umas para outras. Como assim? Ora, basta voltar o olhar para os relacionamentos atuais onde o ficar sem compromisso e, que, na maioria das vezes levam a lugar algum, está se tornando rotineiro, corriqueiro. Nesse contexto o indivíduo passa, muitas vezes, a ser tratado como “coisa” e usado como tal.

Há um livro com o título Amor Líquido de Zygmunt Bauman que trata justamente da fragilidade atual dos laços humanos e das consequências disso. O autor diz que vivemos tempos líquidos, nada é para durar.

Tudo muda rápido demais hoje no tecnológico e estamos, nem sabemos exatamente porque, trazendo essa rapidez para os relacionamentos, o que só nos remete a mais solidão e insegurança. Paralelamente, somos bombardeados por publicidades que nos induzem a adquirir cada vez mais e que se não temos o último modelo de tudo não podemos nos sentir bem, não somo bonitos, não somos bem-sucedidos, não somos seguros, enfim só somos “algo” quando nos deixamos levar por apelos ilusórios nos enchendo, compulsivamente, de coisas sem necessidade real.

E, da mesma forma que substituímos rapidamente o celular pelo modelo mais atual estamos substituindo nossos parceiros “ficantes”, afinal nunca estamos satisfeitos e com tantas pessoas sós a nossa volta quem sabe podemos encontrar alguém melhor logo ali na frente. A pergunta é, melhor para que e porque se ao menos não nos damos chance de conhecer o outro.

Tentamos tapar o buraco em nosso peito da forma mais absurda possível, que é através da aquisição incessante do material e, volto a dizer, de pessoas. A  cada bem adquirido temos a ilusão do sucesso momentâneo que, como uma droga, quando o efeito passa precisamos de mais e cada vez mais num círculo vicioso e que só nos leva para o fundo do poço.

Na palestra o Joel foi perfeito quando dentre muitas outras falas, discorreu sobre a importância e apego exagerado ao corpo, que, digo eu, é apenas matéria e, como tal, vai se deteriorando. Ora, se focamos nossa energia somente no que se deteriora aonde vamos parar? Estamos relegando a segundo, ou melhor, último plano, o que pode de fato preencher esse vazio que é o olhar para dentro, o contato com nossa alma. Esta é a possibilidade de retomarmos valores que realmente vão fazer a diferença para melhor em nossa vida, como, por exemplo, o afeto, a entrega.

O projeto Materialistas Anônimos ( MA) criado pelo Rabino Nilton Bonder tem como fundamento a reabilitação do vício materialista que é a compulsão por preencher vazios emocionais e espirituais com materialidade. Um verdadeiro alento para quem está tomando consciência de que a vida é muito mais do que esse esvaziamento de sentido.

Fonte – Sandra Rosenfeld – www.sandrarosenfeld.com.br

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