Sexo com menos pressa e mais intensidade. Isso é o que a velhice pode proporcionar, segundo a antropóloga Guita Debert, professora da Unicamp, estudiosa do tema. Segundo ela, “a velhice é um momento em que todas as áreas do corpo são áreas que podem ser erotizadas”. E, embora diminua a frequência das relações, a experiência se expande, “porque o corpo inteiro pode ser objeto do prazer sexual”. Em entrevista ao Portal Curso da Vida, a pesquisadora também apontou a necessidade de políticas públicas voltadas às pessoas que encontram na velhice um quadro de dependência funcional.
Qual a abordagem atual do erotismo e da sexualidade na Terceira Idade?
Antigamente, prevalecia a ideia de que a partir de uma certa idade se extinguia a sexualidade. A boa velhice era aquela em que a atividade sexual não estava presente. Na abordagem atual, a sexualidade é vista de forma positiva. Ela não se extingue com o avanço da idade. Pelo contrário, é um indicador de boa saúde, de qualidade de vida.
Com a idade, o que muda no sexo?
O corpo se modifica. O jovem tende a valorizar mais essa visão própria da nossa sociedade, em que o prazer masculino está concentrado na genitália. O que a gerontologia mostra é que a velhice é um momento em que todas as áreas do corpo são áreas que podem ser erotizadas. Na velhice, tudo é feito com mais calma e mais atenção. O que se propõe é um novo pensamento: não é aquele que defende que a sexualidade se extingue e nem que o prazer sexual só persiste se atrelado à ereção. Para a gerontologia, na velhice, diminui a frequência, mas o prazer é mais intenso porque se tem mais calma e o corpo inteiro pode ser objeto do prazer sexual.
Sabemos que as condições para envelhecer no Brasil são ruins. Com o aumento do número de idosos, esse grupo social está organizado?
Sim. O Brasil avançou bastante na legislação, na Política Social do Idoso. E há conselhos de idosos nos municípios e estados, com representantes da sociedade civil.
Quais seriam as medidas mais urgentes para melhorar a realidade de quem envelhece?
Pensar em formas de moradias públicas, por exemplo, em condições dignas.
Qual deveria ser a prioridade nas políticas públicas para a velhice?
Hoje há ações voltadas para a jovem velhice, como as academias da Terceira idade e descontos (meia entrada). Há ações voltadas para aqueles que ainda têm autonomia funcional. Mas as políticas voltadas para a velhice dependente ainda são muito fracas.
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