Em cartaz com a peça “Elza e Fred- O amor não tem idade”, em São Paulo, Suely Franco tem vários prêmios em um currículo que percorre sucessos em musicais, comédias, novelas. Mas garante que ainda “não sabe explicar o que faz”. Aos 75 anos comemorados em outubro, e aos 54 de carreira, a atriz considera o teatro um aprendizado que não se encerra. Um prazer que, segundo ela — dona de uma gargalhada inconfundível –, não deixa ver o tempo passar. Foi uma adorável Dona Benta, em versão para televisão do “Sítio do Picapau Amarelo”, de Monteiro Lobato, e dançou tango, foxtrote e chá-chá-chá com Tuca Andrada, ao encenar “Seis aulas de dança em seis semanas”, em 2011.
Mesmo assim, reconhece que a profissão é incerta. E com relação às políticas públicas voltadas às demandas sociais do envelhecimento, Suely avalia que a pauta está fora das agendas governamentais e praticamente tudo está por ser feito.
O seu conselho, então, é buscar a alegria no que se faz. “Como é envelhecer com vitalidade?”, perguntaram a ela em uma entrevista de TV, por ocasião da nova estreia. A atriz foi rápida: “Quem disse que eu envelheci?”
O espetáculo “Elza e Fred” está em cartaz até 21 de dezembro, no Teatro Folha, dirigido por Elias Andreato. É baseado no filme argentino do mesmo nome, lançado em 2006, sobre a história de amor bem-humorada entre um viúvo recente (Umberto Magnani) e sua vizinha (Suely Franco).
O que o tempo a ensinou em termos de arte?
Eu sou muito intuitiva, nunca fiz escola e não sei explicar o que faço mas o teatro é um eterno aprendizado.
Ou o contrário, o que a arte a ensinou na relação com o tempo?
Estamos sempre trabalhando com prazer e não vemos o tempo passar.
Na rotina diária, novos hábitos foram adquiridos para lidar com as fragilidades que surgem?
O teatro é novo a cada dia.
Para decorar seus textos, alguma dica especial para fortalecer a memória?
Eu escrevo até decorar.
Faz exercícios?
Físicos e vocais.
Como a sociedade lida com a velhice e quais seriam as prioridades de uma política nessa área?
A sociedade está aprendendo a lidar com os mais velhos. Não há prioridades, porque o governo não cuida disso. Tudo tem que ser feito.
Aposentadoria, poupança, a vida de atriz garante uma velhice confortável?
Para algumas pessoas que conseguiram um destaque maior é mais fácil. Senão, até morrer, é preciso correr atrás.
Alguma dica para os novos atores se protegerem financeiramente no futuro?
A nossa vida é incerta. Tenha outro emprego para horas de necessidade.
Usa computador, tablet, recomenda sites, blogs…?
Nada.
Ah se eu soubesse… (uma característica dos 70, que facilitaria a vida aos 30)
Paciência.
Ah se eu pudesse… (uma característica dos 30, que facilitaria a vida aos 70)
Autoestima.
Melhor que botox é…
Ter alegria no que faz.
Não há botox que de jeito…
Em pessoa negativa.
Corpinho de 30 com cabeça de 70 (alguém que você admira pela maturidade)
Selton Mello
Corpinho de 70 com cabeça de 30 (alguém que você admira pela jovialidade)
Sergio Britto
Mensagem livre
Tudo que tiver que fazer, mesmo que não goste, procure fazer com alegria
Alguns momentos marcantes da carreira de Suely Franco
Teatro
1961 – Beijo no asfalto – de Nelson Rodrigues, direção de Fernando Torres
1972 – Capital Federal – de Artur Azevedo, montagem de Flávio Rangel (Prêmio Molière de melhor atriz)
1990 – Somos irmãs – de Sandra Louzada (Prêmio Sharp e Prêmio Shell RJ e SP)
2011 – Seis aulas de dança em seis semanas – de Richard Alfieri, direção de Ernesto Piccolo
2014 – Elza e Fred-O amor não tem idade – direção de Elias Andreato
Novelas e séries:
Sítio do Picapau Amarelo (Dona Benta)
O Cravo e a Rosa (Dona Mimosa)
Em Família (Flora)
Os Detetives do Prédio Azul (Vovó Benta)