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Turquia – pelos caminhos da história

Dentre tantos destinos, a Turquia ainda parece exótica, especialmente para os adeptos do “circuito Elizabeth Arden”: Nova York, Roma e Paris. Nada contra estas mecas do urbanismo, mas conhecer o mundo exige um olhar curioso para além.

Assim, ainda não são muitos os brasileiros que aportam na península da Anatólia ávidos pela história que desfila em Olimpo, Éfeso e Afrodíases, casa da famosa cabeça de Afrodite. Izmir é a cidade de Homero e onde ele escreveu a Odisséia.

Muitos episódios narrados na Bíblia aconteceram nas terras reunidas na Turquia hoje. A Arca de Noé encalha no Monte Ararat. Em Tarso nasce Paulo, São Paulo, um dos mais importantes propagadores do cristianismo. Na Capadócia, São Jorge, que a novela fez mais famoso aqui do que lá. A gruta de Urfa testemunha as passagens de Abraão. A Virgem Maria se refugia em Kusadasi ao fugir de Jerusalém, depois da morte de Jesus. Éfeso é escolhida por São João para escrever seu evangelho e ali está seu túmulo. As Sete Igrejas do Apocalipse foram erigidas aqui. Em Niceia, hoje Izmir, acontece o primeiro Concílio Ecumênico onde são criadas as bases da Igreja Católica e adotado o calendário que usamos até hoje. Ufa!
Não, isto não é uma página da Wikipedia. Você simplesmente chegou à Turquia!

No badalado balneário conhecido hoje como Bodrum, foi construída uma das Sete Maravilhas do Mundo antigo: o monumento fúnebre do governador persa Mausulo, daí a palavra mausoléu. E esta não era a única das Sete Maravilhas por aqui. Outra obra deste porte foi o Templo de Artemisa, todos dois na costa do Mar Egeu.

A partir do século XII a.C. muitos povos invadiram, até a chegada dos gregos. Todos tinham que atravessar o estreito de Dardanelos, onde os troianos cobravam pedágio. Sim, Tróia também era aqui e a Ilíada, outra obra de Homero, conta esta guerra… Cada um que aportava trazia sua arte e seus costumes, amalgamando-se à cultura local, dando lugar à civilização helenística, que nos legou homens do porte de Heráclito e Diógenes.

Em 334 a.C chegam os macedônios, comandados por Alexandre, o Grande, que representou, naqueles tempos, a convergência entre as civilizações ocidentais e orientais. A bandeira do país foi desenhada por Felipe, pai de Alexandre. Em Pérgamo, havia uma biblioteca com mais de 200 mil pergaminhos, daí a palavra. Em torno de 100 a.C. é a vez do império romano se estender até aqui. E só então Cristo nasceu…

Nomes e cidades parecem tão familiares quando se anda por aqui. Revivem as memórias das aulas de Catecismo e saltam das páginas dos livros de história. Mal comparando, é como se, passeando pela Praça do Bispo, encontrássemos vestígios dos índios Tabajaras e Cariris e traços que nos lembrassem de Filipéia, Frederikstadt e da amada Parayba! Haja hoje pra tanto ontem!

Mas contemplar Istambul, que já foi Bizâncio e também Constantinopla, é testemunhar resistência e longevidade. Única cidade construída sobre dois continentes, Europa e Ásia, tem o caótico trânsito das metrópoles, população de 16 milhões de pessoas. A cidade velha concentra dois milênios de história, reunidos em poucas quadras, percorridas a pé… Ali está o Palácio Topkapi, antigo centro do poder otomano. Dedique uma tarde a percorrer seus tesouros, harém, pátios, jardins e cozinha, com sua fabulosa coleção de porcelanas.

Subindo a rua vemos a Basílica de Santa Sofia, hoje museu, o melhor exemplo da arquitetura bizantina. Em frente está a Praça Sultanahmet, onde foi o Hipódromo Romano, de 330 d.C. e do tamanho do Maracanã pós reforma, com seus 70 mil lugares.

Atravesse a avenida e verá a Mesquita Azul, construção otomana do século 17, única com 6 minaretes. Mais meia quadra e estamos na Cisterna Yerebatan, da época bizantina, antigo reservatório de agua, famosa por suas 336 colunas retiradas de templos pagãos. É de tirar o fôlego!

Na esteira dos prédios históricos não pode deixar de ir ao Palácio Dolmabahçe, com 275 quartos e salões com 2.000m quadrados de luxo, fausto e opulência. Da construção à decoração, tudo veio de fora, só os tapetes eram turcos. Concluído em 1853, precisou de um século para o povo turco terminar de pagar esta conta!
Deve ser horrível ter dirigentes assim, já diria o colunista Ancelmo Gois…

Perder-se pelos bazares de Istambul é uma deliciosa aventura.
Sabe o Ceasa? Imagina um mercado 10 vezes maior, labirinto de becos e vielas, onde especiarias, legumes, frutas secas, biscoitos e doces dividem espaço com belas pashminas, jóias de ouro e prata, lenços de seda, souvenires e bolsas de couro com qualidade e sem grife ou com grife, mas falsas. Construído em 1660, o Spicy Bazar é bem menor e muito mais típico do que seu irmão primogênito, o Grand Bazar.

Por estar entre o Oriente Médio e a Europa, a Turquia é um cruzamento gastronômico com influência das cozinhas síria, mediterrânea, grega e da parte leste da Europa. Podem imaginar a qualidade e a abundancia dos temperos que para ali convergem? Damascos, azeites, chás, pistaches, mel, azeitonas, iogurte, cordeiro, pimentas, nozes, tâmaras… A gente se perde em cheiros e gostos…
Mas perder-se, em viagem, também é caminho!

Mais do que a diversidade de sua beleza natural, a riqueza de suas rotas gastronômicas, ou suas histórias de conquista, é a gentileza sem fim do seu povo que põe a Turquia no mapa.

De volta ao Brasil, reverencio Caymmi, que há tantos anos cantou:
– “Você já foi à Turquia, nêga?
Não?
Então vá!”

DICAS PARA O VIAJANTE
Tome pelo menos um banho turco, afinal você está aqui! Escolha:
The Sanitas, no Çiragan Palace Kempinski. www.thesanitas.com
Suleymaniye, no palácio do mesmo nome. www.suleymaniyehamami.com

Para dormir na cidade velha e além
Neorion – www.neorionhotel.com – pequeno e simpático, a 10 minutos de todas as atrações.
Four Season at the Bosphorus www.fourseasonsatthebosphorus.com– em grande estilo, às margens do Bósforo, luxo, serviço e preços impecáveis.

Para almoçar
Asitane – restaurante com acesso aos arquivos de receitas do Palácio Topkapi, reproduz receitas otomanas. Imperdível o prato que vem dentro de um melão. Aproveite para conhecer o Museu de Chora, praticamente do lado, com os mais lindos mosaicos. www.asitanerestaurant.com
Restaurante do Ottoman Hotel, na cidade velha, também com receitas otomanas. Comemos um carneiro com damasco e ameixa de largar a família! www.ottomanhotelimperial.com

Para jantar
29 Ulus – no alto de uma colina, entre duas pontes iluminadas sobre o Bósforo, só a vista deslumbrante já justifica a ida até lá. Mas, além disto, é chique, com serviço impecável, comida divina e excelente carta de vinhos. www.club29.com

Para planejar sua viagem
www.portalturquia.com
www.potencialtravel.com
www.goturkey.com

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