Pesquisadores descobriram que navegar na internet pode ajudar a combater o declínio cognitivo. A relação foi estabelecida em um estudo publicado em agosto pelo The Journals of Gerontology e coordenado por André Junqueira Xavier, PhD, da Universidade do Sul de Santa Catarina, no Paraná. Este é o primeiro grande levantamento a mostrar que a capacidade de envolver, planejar e executar ações como navegar na internet e usar o correio eletrônico – conjunto de habilidades definidas como “digital literacy” (alfabetização digital) – pode contribuir para melhorar o desempenho da memória.
Intitulada “English Longitudinal Study of Aging: Can Internet/E-mail Use Reduce Cognitive Decline?”, a pesquisa acompanhou 6.442 participantes no Reino Unido, com idades entre 50 e 89, durante um período de oito anos. A avaliação do desempenho cognitivo adotou testes cognitivos para medir a memória em exercícios com uma lista de dez palavras e cinco diferentes tipos de pontuação. Os resultados também observaram a influência de variáveis socioeconômicas e clínicas. Nos casos de renda superior, melhor formação educacional e domínio digital, a respostas foram melhores do que as das pessoas que apresentavam incapacidade funcional, diabetes, doenças cardiovasculares, sintomas depressivos ou nenhuma alfabetização digital.
As conclusões dos pesquisadores sugerem que a alfabetização digital aumenta a capacidade do cérebro e a reserva cognitiva, ou leva ao emprego de redes cognitivas mais eficientes para retardar o declínio cognitivo. Os autores afirmam que os países que implementarem políticas públicas para alfabetização digital podem esperar taxas de incidência de demência mais baixas nas próximas décadas.
No Brasil, segundo o IBGE, apesar de responder pela menor parcela de internautas, o número de pessoas acima de 50 anos na web cresceu 222,3% entre 2005 e 2011, atingindo a marca de 8,1 milhões. Trata-se de um público que frequenta sites de notícias, faz compras online e muitas vezes mantém contato com filhos por serviços como Skype.