Um terço dos casos de doença de Alzheimer poderia ser evitado com a adoção de hábitos saudáveis na rotina, por estar associado a fatores comportamentais, como desinformação e falta de atividade física. A estimativa faz parte de pesquisa publicada pela revista científica The Lancet Neurology, que apontou a falta de exercício físico, o tabagismo, a baixa escolaridade e a depressão como os principais aspectos de risco relacionados a estilo de vida, e que poderiam ser considerados preventivamente.
“Embora não haja uma única maneira de prevenir a demência, podemos adotar medidas para reduzir nosso risco de desenvolvê-la em idades mais avançadas”, afirma a professora Carol Brayne, do Instituto de Saúde Pública da Universidade de Cambridge, e coordenadora do estudo. “Sabemos quais são muitos dos fatores de risco, e que eles estão muitas vezes interligados. Por exemplo, o combate ao sedentarismo reduz o nível de obesidade, hipertensão e diabetes, atuando ao mesmo tempo para evitar que algumas pessoas desenvolvessem demência e para promover uma velhice mais saudável em geral.”
A pesquisadora e doutora Deborah Barnes, da Universidade da Califórnia e do San Francisco VA Medical Center, que liderou estudo similar em 2011 e é co-autora deste novo trabalho, destaca a relevância das estatísticas de risco para o desenvolvimento de políticas públicas. “É importante dispor de estimativas sobre a projeção dos casos de Alzheimer tão precisas quanto for possível, como também de dados acerca do impacto social provocado por mudanças no estilo de vida. A doença de Alzheimer vem exercendo uma pressão crescente sobre os serviços de saúde em todo o mundo, bem como sobre pacientes e seus cuidadores. Nossa esperança é que estas estimativas ajudem os profissionais de saúde pública e os formuladores de políticas a elaborar estratégias eficazes para prevenir e administrar a doença.”
Os dados coletados pelo estudo indicam que, em 2050, mais de 106 milhões de pessoas estarão vivendo com Alzheimer, em comparação a 30 milhões, em 2010. A doença é causada por uma complexa interação de fatores genéticos e estilo de vida.
De acordo com o estudo, são sete os principais fatores de risco para os quais há evidências consistentes de uma associação com a doença: diabetes, hipertensão de meia-idade, obesidade de meia-idade, sedentarismo, depressão, tabagismo e baixo nível de escolaridade. Os pesquisadores acreditam que, ao reduzir o risco relativo de cada um desses fatores em 10%, será possível reduzir em 8,5% a ocorrência do Alzheimer projetada para 2050, ou seja, impedir o surgimento de 9 milhões de casos.
A pesquisa foi financiada pelo Instituto Nacional para a Colaboração em Pesquisa de Saúde para Liderança em Pesquisa Aplicada a Saúde e Cuidados (NIHR CLAHRC) de Cambridgeshire e Peterborough. Para saber mais, acesse: http://www.cam.ac.uk/research/news/one-in-three-cases-of-alzheimers-worldwide-potentially-preventable-new-estimate-suggests#sthash.kVcbgAvz.dpuf